segunda-feira, 21 de abril de 2008

Dias de chuva...

Gosto de acordar e ouvir a chuva a cair, enquanto permaneço enroscada no edredão quentinho.

Gosto das tardes de chuva, em que posso ficar em casa, no meu canto preferido do sofá, a ler um livro que me tire, por instantes, da realidade. Se estiver frio, acender a lareira, e ficar a olhar as labaredas laranja-dourado que ondulam, agitadas, enquanto a lenha crepita e estala, embalando-nos os sentidos.

É esta a banda sonora que encaixo num desses dias, de contemplação muda, em que a terra se deixa submergir para acordar no dia seguinte de cara lavada, fresca, sorridente e perfumada :)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Apaixonante...

A primeira vez que ouvi esta música apaixonei-me... perdidamente...
Não é que seja exuberante, ou arrebatadora... mas exala suspiros tão doces que me fazem derreter como chocolate ao sol...


O que é um perigo...!


Ainda bem que quando a ouvi estava a ser cantada por um menino que além de, coitadinho... não ser nada de prender o olhar (apesar de ter uma voz bonita) ainda era daqueles a quem interessam mais os meninos que as meninas... ;)


Malia (1887)



Versi di R.E. Pagliara
Musica di F. Paolo Tosti (1846-1916)

Cosa c'era nel fior che m'hai dato?..
forse un filtro, un arcano poter!
Ne'l tocarlo, 'l mio core ha tremato,
m'ha l'olezzo turbato 'l pensier!
Ne le vaghe movenze che ci hai?
un incanto vien forse con te?

Fremme l'aria per dove tu vai,
spunta un fiore ove passa'l tuo pie!
fremme l'aria per dove tu vai,
spunta un fiore ove passa'l... tuo pie!

Io non chiedo qual plaga beata
fino adesso soggiorno ti fu:
non ti chiedo se ninfa, se fata,
se una bionda parvenza sei tu!
Ma che c'e ne'l tuo sguardo fatale?..
cosa ci hai ne'l tuo magico dir?..

Se mi guardi, un' ebbrezza m'assale,
se mi parli, mi sento morir!..
se mi guardi, un' ebbrezza m'assale,
se mi parli, mi sento... morir!..


(suspiro...)


quarta-feira, 16 de abril de 2008

tu che il zucchero porti in mezzo al...ventre

Não...não vou começar a divagar romanticamente pelas doces palavras de uma ária de D.Giovani*(pelo menos não hoje)... quero apenas deixar a marca de uma laudare-post-rehearsal-little-night, sobre as luzes de uma Lisboa muito pouco adormecida:

"Tenho açúcar no ventre..." (por Tiago Rascão)


Confesso que por fracções de segundo a minha mente tentou desesperadamente encontrar um sentido mais ou menos poético neste desabafo, tal era o ambiente inspirador que nos envolvia a todos, e mesmo o tom em que foi proferido, mas logo esta tentativa foi esmagada pela literalidade da afirmação... ;)


*Deh viene alla finestra - D.Giovani (Mozart)

Deh, vieni alla finestra, o mio tesoro,
Deh, vieni a consolar il pianto mio.
Se neghi a me di dar qualche ristoro,
Davanti agli occhi tuoi morir vogl'io!
Tu ch'hai la bocca dolce più del miele,
Tu che il zucchero porti in mezzo al core!
Non esser, gioia mia, con me crudele!
Lasciati almen veder, mio bell'amore!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Piparotes no vocabulário





Num dos meus escassos, fortuitos, mas nem
por isso menos produtivos momentos de

dolce fare niente
, comecei a formular uma
teoria (que já partilhei com algumas pessoas)
que diz que as palavras
mais giras de dizer
começam normalmente por P e B:

palhaço.parolo.paspalho.piparote.pirueta.patanisca.patareco.pastel.pachola.papoila.
prlim-pim-pim.piolho.pardaleco.pipocas.polpa.periclitante.pelintra.pirilampo.plasma.
polvilhar.pingente.pitosga.perpendicular.pedregulho.papagaio.pintassilgo.percevejo.
pesponto.pindérico.penduricalho.perdigoto.pimpolho.purpurina.pingue-pongue.paparoca.
paralelipípedo.pingarelho.


borboleta.bochecha.beijinho.besnico.badameco.bicharoco.borbulha.barbatana.berbicacho.
barbicha.balbúrdia.bolacha.bagatela.bandolim.badalada.bombom.batata.berlinde.bailarina.
beringela.bodega.baunilha.badalhoco.bolorento.bedelho.bambu.beijoca.baboseira.banana.
barlavento.


Acho que a presença de Rs e Ls em sítios da palavra que façam a língua enrolar, o som CH e a presença de sons iguais/parecidos repetidos são as características que nos fazem achar piada a uma palavra.


Mas não sei, é so uma teoria.

Existem outras palavras que acho piada dizer, mas não chegam ao calcanhar (esta também é gira...) das que começam por P e por B.

arlequim.apoplexia.atarracado.
carcavelos.crocodilo.carcanhol.caranguejo.cachucho.cochicho.
ervilha.estrebuchar.
farfalhudo.
gargalhada.gargarejo.gorgulho.galocha.gasganete.gargalo.
hipopótamo.
lambisgoia.lagarta.
marmelada.marosca.
repolho.rechoncha.
sardanisca.serpentina.salsicha.
taralhoco.tartaruga.tertúlia.tartelete.trambolho.tresmalhado.trocadilho.turbante.
zarolho.zaragatoa.

Gosto de as dizer a enrolar a língua...e de rir destas patetices...

domingo, 6 de abril de 2008

Tango - Por una Cabeza


O Tango Argentino nasceu nas vielas mais sórdidas de Buenos Aires, nas margens do Rio de la Plata.

Surge nos fins do século XIX, derivado, pensa-se, das misturas entre as formas musicais dos imigrantes italianos e espanhóis, dos crioulos descendentes dos conquistadores espanhóis, com influência da "Habanera" cubana e do "Tango Andaluz".
Inicialmente circunscrito às classes pobres que habitavam os subúrbios da crescente Buenos Aires, o Tango foi conquistando o mundo.
Vestido de preto e vermelho, avança voluptuosamente, impulsivo e impetuoso, ao ritmo da paixão, evoca sentimentos de nostalgia, ardente desejo, desencontros amorosos e traição.
O preto...elegante, sofisticado e misterioso.
No vermelho...a exuberância, a velocidade e a acção, o sangue e a paixão.

Os dois grandes nomes do Tango Argentino são Carlos Gardel e Astor Piazzola, génios deste deslizar intenso e arrebatador.

Em relação ao tango "Por una Cabeza" , deixo como curiosidade
uma recordação do maestro Terig Tucci, tirada do seu livro “Gardel en New York” (Webb Press, N.Y. 1969):

Suena el teléfono a las tres de la mañana. Medio dormido levanto el receptor y oigo la voz de Gardel que me dice con evidente satisfacción:

—Che viejo, acabo de encontrar una melodía macanuda para el tango " Por una cabeza".

Y procedió a cantármela ipso facto. No sé si sería porque todavía no me había despertado del todo, que al oír por teléfono el fruto de su inspiración, ni la melodía ni la letra me hicieron mucha impresión; y así se lo dije. Algo amoscado Gardel me contestó con su fina ironía: —Mira, Beethoven, vos te quedás con tus corcheas y semifusas; pero no te metas conmigo en asuntos de "matungos"



Se alguém quiser a partitura:
http://www.todotango.com/English/biblioteca/partituras/partitura.asp?id=224#