
Existem certas coisas que não se pode deixar de partilhar, seja com quem for...comigo mesma, com os meus pensamentos, com as teclas em que carrego e que se submetem aos meus caprichos.
Hoje manipulei pela primeira vez ratinhos de laboratório... branquinhos, irrequietos, de olhos vermelhos, bigodes compridos e narizinho cor de rosa. Não foi surpresa, mas não foi fácil, e precisei de uns cadinhos de mentalização ;)
Avançar e pegar um deles pela cauda, deixando-o suspenso no ar foi o primeiro passo - e o mais difícil. A cauda de um ratinho é uma coisa estranha...dificil de agarrar com indiferença (pelo menos das primeiras vezes), especialmente quando o que está na outra ponta se torce e contorce, tentando escapar. Mas consegui.Uff.
Parte II - Imobilizar o bicharoco. Ui agora é que vai ser. "A fazer: sem largar a cauda do ratinho, prender (com alguma pressão) o dorso e avançar para junto da cabeça formando um prega de pele. É por esta prega de pele que se deve pegar (como as mães fazem com os filhotes). É suposto também puxa um nadinha de pele entre as orelhas, o que vai fazer com que o ratinho fique quieto." Palavras sensatas sr.professor-que-só-tem-mais-4-anos-que-eu, mas já estou a ver a minha vida a andar para trás...
Mas saí-me bem. Houve pranto e ranger de dentes...ou quase...houve dentes, e um dedo de um colega de grupo a sangrar, porque o ratinho lhe chamou um "bife com batatas fritas e um ovo a cavalo", mas nada de preocupante.
Faziam parte do plano das festas também: administrações intraperitoneais, intravenosas e subcutâneas (ou seja, injecçõezitas...) e administração oral (introdução de uma sondazita pela garganta). Confesso que me fiquei pela administração oral (era demais para um dia só...), e aliás até fui quem a conseguiu fazer melhor, mas espero solenemente que não tenha nascido para isto porque "isto" não faz muito o meu género.
Concluindo, foram 3h de verdadeiro circo, passadas entre com ratinhos irrequietos e alunos aos ginchinhos "ai que vai-me morder"..."fecha isso, vai fugir!!"..."ai que coisa horrível" e outros sons e expressões pouco dignificantes...(a expressão "gritar como uma menina" aplica-se a várias pessoas pelo que percebi...nem todas mulheres ihihi).
Nem tudo na vida são rosas, ou doces melodias... de vez em quando surgem ratinhos em que é preciso mexer...!
Nota: Apesar de a utilização de ratinhos na investigação de novos medicamentos ser incontornável, os ratinhos de laboratório têm todo um conjunto de legislação para os proteger e tudo é feito de forma que não lhes sejam causado nenhum sofrimento. Gostei de saber e ver isso com os meus olhos, pelo menos onde estive.