quarta-feira, 26 de março de 2008

Si bemol...


O Si bemol entra em cena, discreto, sem pretensões. Nem Si natural consegue ser...não chega a tanto. Não inveja os Sobreagudos. Sabe do que é capaz... Lentamente vai pisando o palco, sentindo se é seguro avançar...no centro, o piano de cauda, preto e reluzente, exerce sobre ele uma atracção impossível de controlar. Aproxima-se, deslizando, do centro daquele mundo de sentidos e afaga a superfície espelhada e as teclas alinhadas. No momento em que se tocam, a voz e o piano fundem-se, o veludo e o metal entrelaçam-se, num arrebatamento de paixão, voam, cada vez mais alto, cintilam no ar, e deixam-se flutuar... pairar de forma etérea, sonhar...até que o enlevo se desfaz e nada mais poderá ser como antes...
O Si bemol apaixona-se.

Sem comentários: